"O Minho além-mar das mulheres que partem: Inácia Carolina e as cartas da Índia"
2021-12-01
Ciclo de Conferências “Estórias do Minho – Narrativas no Feminino de uma Geografia Identitária”
no dia 4 de Dezembro em Arcos de Valdevez, com transmissão online
no dia 4 de Dezembro em Arcos de Valdevez, com transmissão online
O Consórcio Minho Inovação, que integra as três Comunidades Intermunicipais do Alto Minho, Cávado e Ave, promove mais uma vez no próximo dia 4 de dezembro, em Arcos de Valdevez, o Ciclo de Conferências “Estórias do Minho – Narrativas no Feminino de uma Geografia Identitária” no âmbito do projeto âncora “PA2. Touring Cultural – Identidade Cultural do Minho”, cofinanciado pelo Norte 2020.
A 21.ª conferência, a realizar na Casa das Artes, em Arcos de Valdevez, pelas 16H00, subordinada ao tema "O Minho além-mar das mulheres que partem: Inácia Carolina e as cartas da Índia" pretende constituir um momento de reflexão sobre uma “pérola” oculta no Alto-Minho ou no Portugal profundo, no recato das recordações familiares, mantida fora da custódia pública em Arquivos ou em Bibliotecas, zelosamente conservada pelo saudoso Sr. José Queirós de Barros Aguiar, na vila dos Arcos de Valdevez. Essa “pérola” é um conjunto de cartas escritas por D. Inácia Carolina Pimenta da Gama Barreto (1842-1879) para sua mãe D. Emília Isabel da Fonseca e Gouveia, tia materna do marido, o Dr. Ernesto Kopke de Fonseca e Gouveia (1839-1915). Era um casal de primos direitos. Essas cartas foram escritas em viagem para a India portuguesa e a partir de lá, no período em que Ernesto Kopke exerceu o cargo de magistrado - 1871-1875. Estamos em plena Regeneração em Portugal e no dealbar do processo de colonização e de configuração do Império colonial português, centrado em Africa e na Ásia, perdida que fora a joia da coroa no 1º quartel do séc. XIX – o Brasil. São riquíssimas sobre essa temática as missivas e tornaram-se objeto de um estudo já publicado. Porém, os temas a extrair e a destacar deste acervo epistolográfico são vários e pertinentes. O acesso foi garantido através da publicação da obra Inácia Carolina e Ernesto Kopke: cartas de um casal no Império, 1871-1875 com a chancela da Câmara Municipal dos Arcos de Valdevez e seguindo regras de transcrição ajustadas a um respeito à ortografia e pontuação originais, o que se justifica por se tratar da primeira divulgação pública de textos absolutamente inéditos até 2003.
Na sessão que leva o título em epígrafe pretende-se valorizar a escrita no feminino e explorar algo que converte esta escrita em algo mais especial para a época – a viagem. Uma mulher minhota, com raízes portuenses, pertencente à elite nobiliárquica e burguesa de oitocentos e do Norte de Portugal, em deslocação e estadia em paragens longínquas de sua terra natal, no meio de gentes estranhas que ela vai sobretudo qualificar. Uma “pérola epistolográfica”, sem dúvida...
A conferência irá contar com a participação de um reputado painel de investigadores, constituído por Armando Malheiro, Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Investigador Integrado do CITCEM da mesma Faculdade, por Ana Sofia Pereira da Silva, Arquiteta e Professora Auxiliar Convidada da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e por José Cândido de Oliveira Martins, Professor Associado da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa. A mesa redonda será moderada por Maria Amélia Ribeiro de Carvalho, docente no Instituto de Letras de Ciências Humanas da Universidade do Minho. Esta sessão contará ainda com uma performance teatral intitulada “Vai e vem. As viagens da saudade” pela Companhia de Teatro Itinerantenredo, que é uma dramatização a partir das cartas da Índia enviadas por Inácia Carolina Kopke à sua Mãe. Esta sessão será transmitida on-line através link: https://www.facebook.com/casadasartesarcosdevaldevez/
O Ciclo de Conferências que percorre os 24 municípios do Minho pretende valorizar um olhar inovador sobre a herança cultural do Minho rememorada no feminino, enquanto sociedade de forte tradição matriarcal, propiciando uma narrativa congregadora de saberes e valores identitários que importam estudar, conhecer, cuidar, preservar, valorizar e divulgar.
Em dezembro ainda haverá a 22.ª conferência, no dia 8, em Braga, no Museu dos Biscainhos, com o tema "Em louvor da virgem: expressões do culto mariano na terra bracarense no período medieval".