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Consórcio Minho Inovação promove conferência sobre Uma arte de bordar por “Aquelas Mulheres do Minho”.

2020-02-14

“Aqui tens meu curação e a chabe pró abrir. Nem tenho mais que te dar nem tu mais que me pedir”

 

Consórcio Minho Inovação promove conferência sobre Uma arte de bordar por “Aquelas Mulheres do Minho”

 

O Ciclo de Conferências “Estórias do Minho – Narrativas no Feminino de uma Geografia Identitária”, integrado no âmbito do projeto âncora “PA2. Touring Cultural – Identidade Cultural do Minho” (cofinanciado pelo Norte 2020), arrancou no passado dia 12 de fevereiro, na Casa do Conhecimento, em Vila Verde, com a temática Uma arte de bordar por “Aquelas Mulheres do Minho”.


A sessão de abertura esteve a cargo do Presidente do Municipio de Vila Verde, António Vilela e da Vereadora da Cultura do município de Vila Verde, Júlia Fernandes, bem como do Primeiro Secretário da CIM do Cávado, Luís Macedo, da Secretária Executiva da CIM do Ave, Marta Coutada e da Comissária do projeto “Estórias do Minho”, Maria de Lurdes Rufino, onde se destacou a importância deste projeto e das conferências para a classificação, preservação e qualificação dos recursos patrimoniais em que assenta o produto turístico “Identidade Cultural do Minho”.


A conferência contou também com a participação de um reputado painel de investigadores. Ana Pires, investigadora na área do Bordado, afirmou a particularidade desta arte em que “o bordado participa de uma dupla condição, tanto de senhoras pobres como de uma elite, daí ter um duplo papel social: bordado como lazer e bordado como meio de subsistência”. Referiu ainda que “no Minho, a Mulher sempre teve uma independência e uma capacidade de gestão dos recursos familiares que não é tão evidente noutras regiões do país, mostrando que o seu papel está de alguma forma ligado à questão da propriedade e à tomada de decisões. Esta particularidade fez com que o bordado tivesse uma adesão popular enorme que não tem noutras zonas do país”.

Jean-Yves Durand e Micaela Ramon, ambos docentes na Universidade do Minho, nas áreas da Antropologia e da Literatura Portuguesa, abordaram as questões sociais e linguísticas associadas à escrita dos bordados, designadamente num interessante paralelismo com as Cantigas de Amigo, Jean-Yves Durand analisou também as questões que hoje se colocam na continuidade das tradições e do nosso artesanato.


A moderação esteve a cargo de Isabel Maria Fernandes, diretora do Museu de Alberto Sampaio, do Paço dos Duques e do Castelo de Guimarães / DRCN.

Destaque ainda para um momento musical interpretado pela Academia de Música de Vila Verde e a performance teatral “Lenços Damore” pelo Grupo de Teatro Itinerantenredo que protagonizaram um ritual de conquista. Depois de “amorosamente” bordado, o lenço acabaria por chegar à posse do homem amado, que o passaria a usar em público, assumindo desta forma a sua anuência e compromisso de namoro. Se o namorado (também chamado de conversado) não usasse o lenço publicamente era sinal que tinha decidido não dar início a ligação amorosa.


Esta conferência foi a primeira do Ciclo de Conferências “Estórias do Minho”- promovido pelo Consórcio Minho Inovação, que integra as três Comunidades Intermunicipais do Alto Minho, Cávado e Ave - e que percorrerá os restantes 23 municípios do Minho, visando promover um olhar inovador sobre a herança cultural do Minho rememorada no feminino, enquanto sociedade de forte tradição matriarcal, propiciando uma narrativa congregadora de saberes e valores identitários que importam estudar, conhecer, cuidar, preservar, valorizar e divulgar.


Segue-se no próximo mês a conferência em Caminha, no dia 7 de março de 2020 com o tema "Mulheres do mar: histórias da História no feminino".

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